Vila Real, 09 out (Lusa) -- A fileira da castanha espera há três anos pelo apoio do Governo à concretização do projeto RefCast, que inicialmente previa a duplicação da plantação de souto em Portugal e a criação de 1.700 postos de trabalho diretos.
A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) anunciou em junho de 2008 um grande projeto de investimento no sector - o RefCast, que entretanto se transformou numa rede de cooperação e já conta com mais de 28 parceiros das regiões produtoras de castanha.
Ao longo destes anos, apesar das boas críticas por parte dos vários ministros da Agricultura e da Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Norte, ainda não foi dado nenhum passo com vista à definição de uma linha estratégica de apoio.
Mais recentemente, a rede apresentou o projeto ao secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural, Daniel Campelo.
"Entendemos que o castanheiro é uma fileira de oportunidade para estas zonas de montanha porque se trata de um produto que é muito valorizado e cuja procura supera a oferta", afirmou hoje à Agência Lusa José Gomes Laranjo, professor e investigador da UTAD.
O responsável salientou a grande procura externa deste fruto e sublinhou a possibilidade de se aumentar a sua exportação se fosse concretizado o projeto de aumentar a área de plantação de souto no país.
Mas, para que haja mais castanha é preciso que haja também investimento.
Por isso, os parceiros do RefCast reivindicam o apoio do Estado para promover os investimentos junto dos pequenos agricultores e defendem, no âmbito do PRODER, a criação de uma linha estratégica de apoio para incentivar o plantio de soutos. "Tal e qual está a ser feito na vinha", acrescentou o responsável.
José Gomes Laranjo referiu que o secretário de Estado "ficou sensibilizado" com o projeto, mas "não se comprometeu com nada".
"Sempre que vamos a Lisboa falar da castanha nós sentimos que há interesse, mas depois parece que a fileira não consegue reunir o peso politico necessário para convencer os nossos decisores", sublinhou.
Os parceiros da rede representam cerca de 90 por cento do mercado da castanha em Portugal.
O RefCast quer desenvolver dois grandes eixos, um mais voltado para a produção e outro mais direcionado para a sua transformação.
A proposta inicial previa a plantação até 2013 de cerca de 12.000 hectares de souto, o que se poderia traduzir em mais de 1.700 postos de trabalho diretos, beneficiando também alguns milhares de agricultores.
Passados três anos, o investigador diz que é preciso rever estes valores. "Nesta fase, a dois anos de chegarmos a 2013, estaríamos a falar na plantação de cerca de 6.000 hectares para um valor global de 32 milhões de euros. Isto representaria em termos de incentivo de Estado qualquer coisa como 16 milhões de euros", explicou.
Em consequência, o número de postos de trabalho fica reduzido a cerca de metade também.
A região de Trás-os-Montes e Alto Douro é responsável por 85 por cento da produção nacional de castanha que se estende por uma área total de cerca de 35 mil hectares.
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Fonte: Agência Lusa