Portugal pode ser líder europeu na produção de castanha, fruto que é destinado na sua maioria à exportação e rende anualmente cerca de 50 a 60 milhões de euros aos produtores, defendeu, este domingo, um investigador da Universidade de Vila Real.
José Gomes Laranjo, professor na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), há muito que afirma que a castanha "é o petróleo" da região transmontana.
O especialista integra a rede nacional da fileira da castanha -- RefCast -- que quer aumentar a área de produção, incentivar o consumo em Portugal e apostar também na transformação, praticamente inexistente no país.
Cerca de 35 mil hectares estão ocupados com souto, que produzem uma média anual de 50 a 60 mil toneladas de castanha o que corresponde a aproximadamente cerca de 50 a 60 milhões de euros de rendimento para o produtor.
A propriedade média destes agricultores é de um a um hectare e meio. "O souto faz-se da pequena propriedade e tem a rentabilidade na ordem dos 50% para os produtores", sublinhou.
A "excelente qualidade" das variedades de castanha portuguesa levam a que, segundo o responsável, seja elevada a sua procura a nível internacional, tanto para a sua industrialização como para o consumo em fresco.
"Temos um produto que tem valor e que, se houvesse mais castanhas, poderia aumentar também a sua exportação", sublinhou.
O RefCast prevê precisamente o aumento da área de souto em Portugal o que, a concretizar-se, poderia transformar o país no "maior produtor europeu de castanha".
Neste momento está em fase de criação a Federação Europeia da Castanha que, a nível nacional, é representada por José Gomes Laranjo. Os seus órgãos sociais deverão tomar posse em Setembro de 2012.
Para o investigador, esta entidade vai desempenhar um importante papel na negociação de apoios para o sector na Política Agrícola Comum (PAC) para 2020.
De imediato, a rede quer promover o consumo da castanha em Portugal fora da época da apanha. Para o efeito foi apresentada em Agosto uma candidatura à Rede Rural no valor de 220 mil euros que, se for aprovada, irá resultar na edição de um livro em fascículos que serão distribuídos conjuntamente com um jornal de grande tiragem nacional.
"Queremos ensinar as pessoas a comer castanhas, a introduzi-las nas suas receitas", salientou José Gomes Laranjo.
Para além disso, o especialista enalteceu ainda as qualidades a nível da saúde deste fruto, que possui um baixo índice de colesterol e não tem glúten.
O RefCast quer promover ainda a transformação em Portugal. "Existem mais de 300 produtos derivados da castanha, desde purés, compotas, iogurtes, cerveja ou farinha", referiu.
Esta é, na opinião do responsável, uma forma de valorizar ainda mais este produto.
Actualmente, as empresas Agroaguiar e a Sortegel calibram, descascam e congelam a castanha. A Agroaguiar lançou no ano passado um novo produto: castanhas assadas congeladas.
E, numa altura, em que se começa a apanhar este fruto, José Gomes Laranjo perspetiva um ano de boa produção.
Fonte: JN